sexta-feira, 4 de abril de 2008

Reflexões IV

























Em qualquer relação afectiva, mais tarde ou mais cedo surgirão
dúvidas. Quando chegarem, vivê-las-emos como
mais uma parte do processo, não como o início de um
final anunciado.
As dúvidas não são perigosas. Quando as recebemos sem
angústia ajudam-nos a objectivar os nossos sentimentos e
mostram-nos até que ponto controlamos ou não as nossas
emoções.
Além de analisar o que está a acontecer, ajudar-nos-á muito
sermos conscientes do que estamos a pensar. Já dissemos
que os pensamentos são anteriores às emoções e, em
grande medida, são os responsáveis do que sentimos em
cada momento. Muitas vezes, os nossos esforços destinar-
-se-ão a mudar os nossos pensamentos catastrofistas por
outros mais realistas e mais racionais. Quando o fazemos,
ficaremos surpreendidos por ver em que medida conseguimos
melhorar o nosso estado de espírito.

É bom que guardemos distância da situação.
Quando estivermos demasiado angustiados ou confusos
perante estas dúvidas, será importante que nos concedamos
um tempo de descanso. Se a situação o permitir, uns
dias ou semanas sem ver o nosso parceiro podem ajudar-
-nos a saber o que sentimos. Aqui, é provável que a outra
pessoa não queira aceder a esta trégua, pois pode vivê-la
como um distanciamento; será muito importante a forma
como comunicamos essa decisão; fá-lo-emos com calma e
com afecto, mas também com convicção, sem fazer marcha
atrás. Da mesma forma que não podemos impor-nos
um sentimento, devemos conceder-nos a tranquilidade e a
distância que nos ajudarão a ver, sentir e analisar tanto a
situação que vivemos, como o estado da nossa relação.
Uma vez conseguida esta trégua, para que esta seja eficaz,
numa primeira fase esforçar-nos-emos por ocupar a nossa
mente em coisas diferentes; desta forma conseguiremos
esse «distanciamento», que nos permitirá ver e analisar os
nossos sentimentos e os factos com maior clareza.
Se depois desse período continuarmos a ter dúvidas, não
forçaremos a relação; explicá-lo-emos ao nosso parceiro e
tentaremos encontrar um acordo. Se o parceiro decidir que
não quer esperar mais, estará no seu direito, mas afastaremos
imediatamente da nossa mente os pensamentos de
derrota ou fracasso. Um parceiro que decide não dar à
outra pessoa a tranquilidade de que necessita nesse
momento certamente não era o parceiro ideal para continuar
a relação amorosa.

Quando o amor é autêntico, as pessoas com equilíbrio emocional
sabem que não podem nem devem forçar as situações.
O respeito e a confiança em nós mesmos e no nosso amor
farão com que essas primeiras dúvidas sejam recebidas com
calma. O conhecimento da singularidade da outra pessoa ajudar-
nos-á a superar inquietações, a vencer temores e a estabelecer
novos e frutíferos canais de comunicação.
Se no final, com a tranquilidade que dá a convicção, decidimos
que o amor acabou, não renegaremos este; pelo contrário,
tentaremos extrair os ensinamentos e as vivências que nos deu, e
fá-lo-emos não para as transladar para a relação seguinte, mas
para avançar nessa aprendizagem particular que nos permitirá
sentir-nos cada vez melhor connosco mesmos e com as vivências
que teremos no futuro.

(continua)

É DIFICIL VIVER SEM TE TER AO MEU LADO...



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